06 Jun
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Os brasileiros estão destinando um tempo considerável de seu ano apenas para quitar suas obrigações fiscais. De acordo com um estudo recente divulgado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), a população trabalha em média 149 dias por ano exclusivamente para pagar impostos, taxas e contribuições. A classe média é a mais impactada por essa carga tributária.
O levantamento do IBPT revelou que, em 2024, os brasileiros precisaram trabalhar quase cinco meses para cobrir seus compromissos com o governo. Esse número leva em conta os tributos sobre renda, consumo, patrimônio e outros encargos. Comparado a anos anteriores, houve um pequeno aumento no número de dias necessários para quitar essas obrigações, refletindo um cenário de carga tributária crescente.
*Classe Média: a Mais Atingida*
A classe média brasileira é a que mais sente o peso dessa carga tributária. Segundo o estudo, a proporcionalidade de impostos em relação à renda é significativamente maior para esse grupo. “Enquanto as classes mais altas possuem mecanismos para reduzir a carga tributária, a classe média acaba arcando com uma proporção maior de seus rendimentos destinados aos tributos”, explica Gilberto Luiz do Amaral, presidente do IBPT.
De fato, uma família de classe média com renda mensal de R$ 7 mil chega a destinar cerca de 40% de seus rendimentos anuais para o pagamento de impostos diretos e indiretos. Em contraste, as famílias de menor renda, apesar de também sentirem o impacto dos tributos indiretos, têm uma carga tributária proporcionalmente menor sobre seus rendimentos.

A elevada carga tributária tem repercussões diretas no consumo e na economia do país. Com menos dinheiro disponível após o pagamento de impostos, as famílias da classe média tendem a reduzir seus gastos, impactando setores como o comércio e os serviços. “O poder de compra é drasticamente afetado, o que se reflete em menor dinamismo econômico e em dificuldades para pequenas e médias empresas, que dependem do consumo das famílias”, destaca a economista Carolina Mendes.

Em comparação com outros países, o Brasil se destaca pela alta carga tributária sobre a classe média. Em países como os Estados Unidos, por exemplo, o número de dias trabalhados para pagar impostos é significativamente menor. A complexidade do sistema tributário brasileiro, aliado a uma carga elevada, coloca o Brasil em uma posição desfavorável em termos de competitividade e qualidade de vida.

Diante deste cenário, cresce a pressão por uma reforma tributária que torne o sistema mais justo e eficiente. Diversas propostas estão sendo discutidas no Congresso Nacional, incluindo a simplificação do sistema tributário e a redução da carga sobre o consumo. “Precisamos de um sistema que seja mais transparente e que reduza as desigualdades, aliviando o peso sobre a classe média e os mais pobres”, defende o deputado federal Marcelo Freitas, relator de uma das propostas de reforma.
A expectativa é que, com uma eventual reforma tributária, o número de dias necessários para pagar impostos possa ser reduzido, aliviando o orçamento das famílias e estimulando o consumo e o crescimento econômico. No entanto, as mudanças enfrentam desafios políticos significativos, e seu impacto real só será sentido a médio e longo prazo.
Enquanto isso, os brasileiros continuam dedicando uma parte considerável de seu ano para cumprir suas obrigações fiscais, com a classe média arcando com o maior peso dessa carga. A discussão sobre uma reforma tributária mais justa e equilibrada permanece como um dos principais temas na agenda econômica e política do país.
6 de junho de 2024 (UOL)

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